terça-feira , 18 fevereiro 2025
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    A mudança de tom no discurso de Lula antes e depois da posse de Trump

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    O presidente Luiz Inácio Lula da Silva fala durante reunião ministerial na Granja do Torto, em Brasília, nesta segunda-feira
    O presidente Luiz Inácio Lula da Silva fala durante reunião ministerial na Granja do Torto, em Brasília, nesta segunda-feira (Ricardo Stuckert/PR)

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    Em reunião ministerial, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva falou em tom conciliador que desejava a Donald Trump, empossado nesta segunda-feira, 20, como presidente dos Estados Unidos, uma “gestão profícua”. Mas nem sempre foi assim. Às vésperas das eleições americanas, o brasileiro declarou apoio público a Kamala Harris, adversária de Trump, e antes disso demonstrou apoio ao antecessor Joe Biden.

    No fim de junho de 2024, o Partido Democrata dos Estados Unidos ainda nutria esperanças de uma possível reeleição do ex-presidente Joe Biden. Em entrevista à Rádio Itatiaia, de Minas Gerais, além de apoiar a reeleição de Biden, o petista teceu críticas a Trump, disse que um mandato trumpista seria imprevisível e que o então pré-candidato à Casa Branca “fala muito”.

    “Como democrata, estou torcendo para que o Biden saia vitorioso. E, se o Biden ganhar, eu já conheço o Biden, já tenho uma relação com os EUA, que é uma relação sólida, e eu pretendo manter”, disse Lula em 27 de junho do ano passado. “Se o Trump ganhar, a gente não sabe o que ele vai fazer, sinceramente, muita gente não tem noção do que ele vai fazer. Porque ele fala muito. Ele chegou a dizer que se um país quiser escapar do dólar como moeda de referência comercial que ele vai punir o país. Ele não é presidente do mundo”, seguiu.

    Pouco menos de um mês após a declaração de Lula, a corrida eleitoral teve uma guinada nos Estados Unidos. Diante da constatação de que o governo Biden não era popular e que as críticas de Trump à idade do concorrente estavam pesando na escolha dos eleitores, o Partido Democrata resolveu apostar em uma candidata mais jovem que Trump, da então vice-presidente americana Kamala Harris. A mudança foi uma sobrevida aos adversários do Partido Republicano e contou com o apoio do chefe de Estado brasileiro.

    A quatro dias das eleições, no dia 1º de novembro, Lula deu uma entrevista ao canal de televisão francês TF1. Na ocasião, Lula disse que torceria por Harris “como um amante da democracia”, fez críticas ao atual presidente americano e lembrou da invasão do Capitólio por apoiadores de Trump.

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    “Com Kamala Harris é muito mais seguro para a gente fortalecer a democracia. Nós vimos o que foi o presidente Trump”, defendeu Lula no início de novembro. Uma coisa que era impensável acontecer nos EUA, porque se apresentavam ao mundo como modelo de democracia. E esse modelo ruiu”, acrescentou.

    O petista chegou a dizer que era a expressão do “nazismo e o fascismo voltando a funcionar com outra cara”. “Temos as mentiras destiladas todo santo dia. Não apenas nos Estados Unidos, mas na Europa, na América Latina, em vários países no mundo. É o nazismo e o fascismo voltando a funcionar com outra cara”.

    Reviravolta no discurso

    Uma semana depois da entrevista concedida na França, Lula voltou a falar com a imprensa internacional com um tom completamente diferente. Donald Trump já havia ganhado as eleições, e o presidente brasileiro decidiu adotar um discurso conciliador. Em entrevista à CNN Internacional, o petista sugeriu uma “relação de respeito” com o republicano.

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    “Nós dois, como chefes de Estado de dois países importantes na América, nós temos que ter uma relação muito civilizada, muito democrática, porque o Brasil tem uma relação privilegiada com os Estados Unidos, nós somos parceiros há muitas e muitas décadas”, disse Lula.

    Ele lembrou que, em outros mandatos, teve uma boa relação com Barack Obama, do Partido Democrata, e também com George W. Bush, do Partido Republicano. “Ora, se nós estabelecemos essa linha de comportamento, de civilidade, de respeito, o resto fica tudo muito mais fácil”, acrescentou.

    O clima ameno seguiu nesta segunda-feira, 20, dia da posse de Trump. O presidente brasileiro repetiu o tom conciliador em uma publicação no X e também em fala a ministros na primeira reunião ministerial do ano, que ocorreu no mesmo dia da cerimônia para empossar o novo presidente americano.

    “O Trump foi eleito para governar os Estados Unidos, e eu, como presidente do Brasil, torço para que ele faça uma gestão profícua para que o povo americano melhore e para que os Estados Unidos continuem a ser o parceiro histórico que são do Brasil.”, destacou.

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