quarta-feira , 19 março 2025
    Internacional

    Após fala de Putin, Trump volta a fazer jogo duplo com Ucrânia: ‘Pode ser russa um dia’

    apos-fala-de-putin,-trump-volta-a-fazer-jogo-duplo-com-ucrania:-‘pode-ser-russa-um-dia’

    Verão: 4 Revistas em casa a partir de 29,90/mês

    (FILES) (COMBO) This combination of pictures created on November 7, 2024 shows former US President and Republican presidential candidate Donald Trump (L) in Cumming, Georgia, on October 15, 2024, and Russia's President Vladimir Putin (R) in Kazan on October 24, 2024. US President Donald Trump stepped up the pressure on Russian counterpart Vladimir Putin to make a peace deal with Ukraine, threatening tougher economic measures if Moscow does not agree to end the war. Trump's warning in a Truth Social post on January 22, 2025, came as the Republican seeks a quick solution to a grinding conflict that he had promised to end before even starting his second term. (Photo by Elijah Nouvelage and Alexander NEMENOV / AFP)
    O presidente dos EUA, Donald Trump (à esq.), e o presidente russo, Vladimir Putin (Elijah Nouvelage e Alexander Nemenov/AFP)

    Continua após publicidade

    Desde seu retorno à Casa Branca, Donald Trump tem pendido para a órbita de argumentação ucraniana ao falar sobre o fim da guerra com a Rússia, inclusive ameaçando impor tarifas e sanções “significativas” caso Vladimir Putin não interrompa sua invasão. Após Moscou afirmar, na segunda-feira 10, que todas as condições de Moscou devem ser cumpridas integralmente para o conflito se encerrar, porém, o presidente dos Estados Unidos parece ter voltado atrás, fazendo um jogo duplo que deve deixar Volodymyr Zelenksy de cabelos em pé.

    Em entrevista na segunda-feira à emissora conservadora Fox News, Trump sugeriu que a Ucrânia “pode ser russa um dia” e também estipulou em 500 bilhões de dólares (cerca de 2,89 trilhões de reais) o pagamento em terras-raras (minerais estratégicos para o setor bélico e de alta tecnologia, cujos maiores depósitos mundiais são da China) que ele quer que Kiev faça por toda a ajuda militar passada e futura dos Estados Unidos.

    “Eles (os ucranianos) podem fazer um acordo, eles podem não fazer um acordo. Eles podem ser russos um dia, eles podem não ser russos um dia”, disse ele.

    Sobre os minerais, Zelensky já disse estar disposto a um acordo, mas seus recursos são limitados. Dos depósitos importantes de terras-raras na Ucrânia, ele só controla os da região de Dnipropetrovsk. O restante está no leste, onde grande parte do território é dominado pelos russos.

    “Nós vamos ter todo esse dinheiro lá, e eu digo que quero ele de volta. E eu disse a eles que quero o equivalente a 500 bilhões de dólares em terras-raras. E eles essencialmente concordaram em fazer isso, então, ao menos nós não nos sentimos estúpidos”, afirmou Trump à Fox News.

    Recuo de Putin

    Os comentários de Trump vieram depois de Moscou ressaltar, na segunda-feira, que suas demandas maximalistas — conforme definidas por Putin em junho passado — continuaram sendo a proposta inicial no início das negociações.

    Continua após a publicidade

    A “solução política como a imaginamos não pode ser alcançada de outra forma senão por meio da implementação completa do que foi pronunciado pelo presidente Putin quando falou ao Ministério das Relações Exteriores da Rússia em junho”, disse o vice-ministro das Relações Exteriores, Sergei Ryabkov, em uma entrevista coletiva em Moscou em inglês.

    No discurso em questão, os termos eram os seguintes: a Ucrânia deve abandonar o projeto de se juntar à Otan, além de retirar seus soldados das quatro regiões ucranianas anexadas e controladas majoritariamente pela Rússia. “Variações e meias-medidas não são o caminho que estamos preparados para seguir”, sublinhou Ryabkov.

    O ministro das Relações Exteriores russo, Sergei Lavrov, enfatizou o ponto, dizendo que, embora o governo esteja pronto para negociações com a Ucrânia, elas devem respeitar os interesses nacionais. Também afirmou que a guerra só pode acabar se as “razões fundamentais” por trás do conflito forem resolvidas, incluindo a adesão ucraniana à Otan e o “extermínio” de todos os aspectos da cultura russa na Ucrânia.

    Anteriormente, Kiev afirmou que tais condições seriam equivalentes à rendição.

    Continua após a publicidade

    A roda da diplomacia

    Trump, que expressou repetidamente o desejo de encerrar o conflito o mais rápido possível, disse no último domingo 9 que via “progresso”, embora não tenha definido como espera acabar com o conflito. Ele afirmou ter tido contato com Putin, algo que o Kremlin não confirmou nem negou.

    Os Estados Unidos enviaram nesta terça-feira 11 a embaixadora do país na Rússia, Lynne Tracy, para uma primeira conversa oficial na chancelaria russa. Oficialmente, ela foi recebida por Ryabkov para falar de operações nas embaixadas russas no exterior, mas espera-se que a Ucrânia entre na pauta.

    Já o enviado especial de Trump para a Ucrânia e a Rússia, o general Keith Kellogg, deve se encontrar com Zelensky na Conferência de Segurança de Munique, um evento anual central na geopolítica, junto ao vice-presidente J.D. Vance. O evento vai de sexta-feira 14 até domingo 16. A expectativa é de que Kellogg indique quais ideias para a paz na Ucrânia estão na mesa de Trump (nada específico foi apresentado até agora). O indicado para lidar com a guerra irá à Ucrânia na semana que vem, sem data ainda para uma visita a Moscou.

    Disposto a (quase) qualquer coisa

    O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, afirmou no domingo 9 que estaria pronto para sentar-se à mesa de negociações com os russos para discutir um acordo para o fim da guerra, garantindo que aceitaria qualquer formato de tratativas. Ele só afirmou ter uma condição para que isso ocorresse: que exista “um entendimento de que os Estados Unidos e a Europa não nos abandonarão” depois do conflito ser encerrado.

    Continua após a publicidade

    Ele afirmou que a Ucrânia não deseja repetir a experiência de acordos de paz e negociações que falharam em produzir resultados nos anos que antecederam a invasão de Moscou, em 2022. Segundo o líder ucraniano, isso significa colocar em prática garantias de segurança.

    “Simplesmente congelar o conflito levará repetidamente a mais agressões. Quem, então, ganhará prêmios e entrará para a história como o vencedor? Ninguém. Será uma derrota absoluta para todos, tanto para nós quanto para Trump”, disse Zelenskyy à emissora britânica ITV.

    “Se eu tivesse um entendimento de que os Estados Unidos e a Europa não nos abandonariam e nos apoiariam e forneceriam garantias de segurança, eu estaria pronto para qualquer formato de conversas (com a Rússia)”, garantiu.

    Anteriormente, ele sugeriu destacar 200.000 soldados europeus para uma força de manutenção de paz em seu país.

    OFERTA DE VERÃO

    Sua oportunidade neste começo de ano!
    Assine sua revista favorita a partir de R$ 29,90.

    *Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
    *Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

    PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.

    Deixe um comentário

    Deixe um comentário

    O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

    Artigos Recentes

    Categorias

    Artigos relacionados

    por-que-a-crimeia-e-cobicada-pela-russia-e-pela-ucrania?
    Internacional

    Por que a Crimeia é cobiçada pela Rússia e pela Ucrânia?

    Ponte de ligação entre Crimeia e território russo. 14/03/2018 (Mikhail Svetlov/Getty Images) Continua...

    alemanha-aprova-reforma-e-aumenta-gastos-com-defesa-em-meio-a-‘guerra-de-putin’
    Internacional

    Alemanha aprova reforma e aumenta gastos com Defesa em meio à ‘guerra de Putin’

    O primeiro-ministro eleito da Alemanha, Friedrich Merz. 18/03/2025 (Maja Hitij/Getty Images) Continua após...

    policia-da-franca-expulsa-centenas-de-imigrantes-que-se-abrigavam-em-teatro-em-paris
    Internacional

    Polícia da França expulsa centenas de imigrantes que se abrigavam em teatro em Paris

    Manifestantes protestam contra operação da polícia de Paris para despejar imigrantes do...

    hutis-lancam-terceiro-ataque-em-48h-a-navios-dos-eua-em-meio-a-crise-em-gaza
    Internacional

    Hutis lançam terceiro ataque em 48h a navios dos EUA em meio a crise em Gaza

    Rebeldes houthis no Iêmen (Mohammed Hamoud/Getty Images) Continua após publicidade Os rebeldes hutis...