Os funcionários em greve da Boeing votarão na próxima quarta-feira (23) uma nova proposta de contrato que inclui um aumento salarial de 35% ao longo de quatro anos, o que pode encerrar uma greve custosa que já dura cinco semanas, disseram a empresa e o sindicato neste sábado (19).
Cerca de 33 mil trabalhadores sindicalizados da Boeing na Costa Oeste dos Estados Unidos, a maioria no estado de Washington, estão em greve desde 13 de setembro. A paralisação interrompeu a produção do 737 MAX, o modelo mais vendido da fabricante, além dos modelos 767 e 777 de fuselagem larga.
A última oferta inclui um bônus de ratificação de US$ 7 mil, um plano de incentivos restabelecido e contribuições aumentadas para os planos de aposentadoria dos trabalhadores, incluindo uma contribuição única de US$ 5 mil e até 12% de contribuições do empregador, segundo informou o sindicato dos funcionários da Boeing.
A Boeing disse neste sábado que está “ansiosa para que nossos funcionários votem na proposta negociada”. Ainda assim, não há garantia de que os trabalhadores aprovarão a proposta, após terem rejeitado massivamente uma proposta inicial.
“O futuro deste contrato está em suas mãos”, disse o sindicato aos trabalhadores neste sábado.
Em 8 de outubro, a Boeing retirou sua oferta melhorada, que incluía um aumento salarial de 30% ao longo de quatro anos, após as negociações, que contaram com a presença de mediadores federais, terem fracassado.
O sindicato vinha buscando um aumento de 40% e a restauração de um plano de pensão de benefício definido.
O sindicato disse em uma postagem nas redes sociais que, com a ajuda da secretária interina do trabalho dos EUA, Julie Su, eles haviam recebido uma “proposta negociada” e informaram aos trabalhadores em greve que “ela é digna de sua consideração”.
Nesta segunda-feira (14), Su esteve em Seattle para seu primeiro esforço presencial para ajudar a alcançar um novo contrato com a Boeing e retornou na noite desta quinta-feira (16) para retomar os esforços após uma viagem a Detroit.
Um porta-voz de Su disse nesta sexta-feira (18) que a secretária “está atualmente em Seattle tendo discussões com ambas as partes. Ela se encontrou com o CEO e o sindicato e tem estado em contato várias vezes ao longo do processo.”
Na sexta-feira passada, a Boeing anunciou que cortaria 17 mil empregos, ou 10% de sua força de trabalho global, e assumiria encargos de US$ 5 bilhões, continuando um ano tumultuado para a empresa desde que um novo avião 737 MAX 9 da Alaska Airlines ALK.N sofreu uma emergência em pleno voo.
Nesta terça-feira (15), a Boeing anunciou uma janela para até US$ 25 bilhões em ofertas de ações e dívidas nos próximos três anos, além de um acordo de crédito de US$ 10 bilhões.
Em setembro, quase 95% dos trabalhadores da Costa Oeste dos EUA rejeitaram a oferta da Boeing, que incluía um aumento salarial de 25% ao longo de quatro anos e que havia sido endossada pelos líderes sindicais, o que resultou na greve.
A Boeing vem enfrentando pressão contínua desde que uma porta de painel se desprendeu de um novo jato 737 MAX 9 em pleno voo em janeiro, o que levou a Administração Federal de Aviação dos EUA (FAA) a impedir que a fabricante aumentasse a produção.
Nesta sexta-feira, a FAA abriu uma nova investigação de segurança sobre a Boeing.
Em julho, a Boeing concordou em se declarar culpada de uma acusação de conspiração para fraude criminal e aceitou pagar pelo menos US$ 243,6 milhões após violar um acordo de suspensão de processo de 2021.
Espera-se que o conflito trabalhista tenha um impacto negativo no relatório de emprego de outubro, que será publicado dias antes da eleição presidencial de 5 de novembro.
Economistas estimam que a greve e dispensas temporárias semanais de trabalhadores não grevistas, bem como as demissões temporárias nos fornecedores da Boeing, tenham subtraído até 50 mil empregos das folhas de pagamento não agrícolas neste mês.
A economia adicionou 254 mil empregos em setembro e a taxa de desemprego caiu para 4,1%, de 4,2% em agosto.
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