A dieta carnívora, que elimina completamente alimentos de origem vegetal e se baseia exclusivamente no consumo de proteínas e gorduras de origem animal, tem chamado atenção nas redes sociais. Adeptos alegam que ela pode oferecer benefícios como perda de peso rápida e melhorias em condições de saúde como inflamação e problemas digestivos.
No entanto, a eliminação total de grupos alimentares essenciais levanta preocupações entre especialistas, que alertam para riscos graves à saúde, como deficiências nutricionais e sobrecarga de órgãos vitais.
A nutricionista Karoline Schast, da Faculdade Evangélica do Paraná, ressalta que, embora a dieta possa, de fato, trazer alguns resultados iniciais, como a perda de peso, os efeitos a longo prazo podem ser prejudiciais. Segundo ela, o corpo perde acesso a nutrientes essenciais e há um desequilíbrio em processos metabólicos fundamentais.
Perda de peso: o lado perigoso da cetose
A promessa de emagrecimento rápido é um dos principais atrativos da dieta carnívora. De acordo com Jean Lemos, nutricionista e professor do Centro Universitário UniFavip Wyden, em Pernambuco, a perda de peso ocorre principalmente devido à restrição severa de carboidratos, que coloca o corpo em estado de cetose. Nessa condição, o organismo começa a utilizar a gordura como fonte primária de energia, acelerando sua queima. “A redução drástica de carboidratos inicialmente promove uma rápida perda de peso, principalmente por perda de água”, explica Lemos.
No entanto, ele destaca que a cetose prolongada pode ter efeitos colaterais perigosos. “O corpo entra em uma espécie de modo de sobrevivência, utilizando gordura como energia, mas essa situação pode levar à perda de massa muscular e fadiga, além de aumentar o risco de desidratação”, adverte. A dieta, então, pode não ser sustentável a longo prazo e, em muitos casos, leva a um rápido reganho de peso após o retorno à alimentação normal.
Efeitos no coração e nos rins
Outro ponto importante é o impacto sobre os órgãos vitais, especialmente coração e rins. O excesso de proteínas e gorduras animais pode aumentar significativamente os níveis de colesterol LDL, o chamado “mau colesterol”, elevando os riscos de problemas cardiovasculares, como aterosclerose e infartos. Para Schast, o consumo elevado de carne, especialmente vermelha e processada, pode ser devastador para a saúde do coração.
Os rins também sofrem com o excesso de proteínas. “Dietas extremamente ricas em proteínas sobrecarregam os rins, que precisam filtrar e excretar os resíduos do metabolismo proteico. Isso pode causar danos a longo prazo, especialmente em indivíduos com predisposição a problemas renais”, alerta Lemos.
A dieta carnívora, com a ingestão exagerada de carne, também aumenta o risco de formação de cálculos renais e pode comprometer o funcionamento renal se mantida por longos períodos.
Deficiências nutricionais: a falta de equilíbrio
A exclusão completa de alimentos vegetais também priva o corpo de nutrientes fundamentais, como fibras, vitaminas e minerais. Segundo Lemos, a ausência de fibras na dieta carnívora é um dos maiores problemas, já que elas desempenham um papel importante na saúde intestinal e na prevenção de diversas doenças. “Sem fibras, há um aumento no risco de constipação e até mesmo de doenças mais graves, como o câncer de cólon”, afirma o nutricionista.
Além das fibras, a dieta carnívora não oferece quantidades adequadas de micronutrientes essenciais, como vitaminas C, K e do complexo B, além de minerais como magnésio e potássio, necessários para o bom funcionamento do organismo. “Esses nutrientes são essenciais para a saúde metabólica, imunológica e cardiovascular, e sua ausência pode trazer problemas graves a longo prazo”, conclui o especialista.
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