O ministro das Relações Exteriores da França, Jean-Noël Barrot, afirmou nesta quarta-feira, 8, que a União Europeia não permitirá que outras nações ataquem suas fronteiras soberanas, após o presidente eleito americano, Donald Trump, se recusar a descartar o uso de força para tomar o controle da Groenlândia.
Trump, que será empossado em 20 de janeiro, expressou repetidamente seu interesse de que o governo americano compre o território, que faz parte da Dinamarca há mais de 600 anos, e chegou a declarar na terça-feira, 7, que considera inclusive ações militares ou econômicas para tornar a ilha parte dos Estados Unidos (bem como o Canal do Panamá). No mesmo dia, seu filho, Donald Trump Jr., fez uma visita pessoal à região dinamarquesa.
Barrot, por sua vez, disse que não acreditava que os EUA invadiriam a Groenlândia. “Obviamente não há dúvidas de que a União Europeia não deixaria outras nações do mundo atacarem suas fronteiras soberanas, quem quer que sejam”, disse ele à rádio France Inter. “Somos um continente forte.”
No entanto, o ministro francês ponderou que “entramos numa era de regresso da lei do mais forte”, tornando tal ato autoritário possível.
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Apesar de fazer parte da Dinamarca há séculos, a Groenlândia, onde vivem 57.000 pessoas, controla a maioria de seus assuntos domésticos como um território semisoberano sob o reino dinamarquês. Suas relações com a nação europeia têm se tornado cada vez mais tensas, devido a uma série de alegações de má gestão do território e maus-tratos à população local durante o domínio colonial.
“Não estamos à venda”
Em resposta à ameaça de Trump para coagir o governo dinamarquês a vender a Groenlândia com um tarifaço, a primeira-ministra da Dinamarca, Mette Frederiksen, afirmou que uma guerra comercial com os Estados Unidos não é o melhor caminho a seguir para nenhum dos lados.
Já o primeiro-ministro da Groenlândia, Mute Egede, reiterou que a ilha não está à venda. Em seu discurso de Ano-Novo, ele intensificou sua pressão pela independência do território. A Dinamarca também afirmou que não vai vender a região e que apenas os groenlandeses podem decidir seu destino.
A Dinamarca é o lar da Novo Nordisk, a empresa mais valiosa da Europa, que fabrica o medicamento para perda de peso Ozempic, que se tornou extremamente popular entre os americanos. O país também é responsável pela segurança e defesa do território, mas suas capacidades militares no Ártico são limitadas a quatro embarcações de inspeção, um avião de vigilância Challenger e patrulhas de trenós puxados por cães.
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