A Hypera está tendo um dia movimentado na Bolsa de valores brasileira nesta segunda-feira (21). Após as ações terem caído 15% pela manhã, com investidores digerindo mal o anúncio da reestruturação de capital proposta pela farmacêutica na sexta, por volta das 14h os papéis passaram a subir 4%, na esteira do anúncio de que a EMS propôs uma fusão. No entanto, por volta das 15h, elas já haviam voltado para o vermelho, com queda de 3,3%, a R$ 24,72
A ofertada EMS, segundo o Neofeed, é de R$ 30 por ação, prêmio de quase 40% sobre o preço de abertura — que foi de R$ 22 —, por 20% dos papéis emitidos pela empresa. Isso totalizaria uma operação de R$ 3,8 bilhões.
Logo após a notícia vir a público, os papéis entraram em leilão e voltaram com alta, com investidores buscando se posicionar de olho no prêmio.
As duas empresas juntas teriam um faturamento de R$ 16 bilhões, um Ebitda de R$ 4,9 bilhões e criariam sinergias em diversas áreas. Fora isso, a fusão criaria a maior companhia do setor farmacêutico brasileiro.
Felipe Sant’Anna, especialista de mercado da Star Desk, explica que a operação de fusão entre EMS e Hypera já é discutida no mercado há algum tempo. O que aconteceu, provavelmente, foi que a primeira aproveitou o anuncia da reestruturação, da segunda para fazer a oferta — tornando-a mais atrativa.
“A EMS vem alinhando essa fusão de olho na liderança dos genéricos e de outros nichos do setor, aproveitando o mau momento financeiro da concorrente para comprar barato’, fala.
Mau momento financeiro
Na última sexta-feira, a Hypera anunciou uma mudança em sua estratégia de capital de giro, reduzindo os prazos de pagamento concedidos aos clientes para melhorar o perfil de fluxo de caixa, em resposta ao ambiente de juros altos e riscos de crédito. As revisões, no entanto, também diminuíram as previsões de faturamento e de lucro para a farmacêutica.
A companhia estimou impactos negativos no Ebitda e no lucro líquido até o segundo trimestre de 2025, com uma esperada queda significativa no sell-in, apesar da desalavancagem operacional.
O Itaú comentou sobre o anúncio destacando que a decisão foi motivada principalmente pelo contexto de juros altos e a necessidade de mitigar riscos de crédito. “O movimento inesperado no mercado colocou uma pressão significativa sobre as previsões da empresa para 2024 e 2025”.
Além disso, o banco também revisou suas estimativas, apontando que “a maior parte da correção dos estoques do canal de vendas ocorrerá no quarto trimestre, com o sell-in projetado para cair 11% ano contra ano”.
Apesar da oferta de hoje, que oferece prêmio sobre o preço do papel — e que levou a uma alta momentânea, a alta se reverteu. Para analistas, o recuo se deu pelo fato de que há algumas dificuldades para que a fusão saia do papel.
“Teremos de fato o nascimento da nova gigante EMS-Hypera ou veremos o papel desabar com a negativa por parte dos gestores ou por falta de aprovação dos reguladores do setor?”, contesta Sant’Anna. “O que eu vejo é que houve uma corrida de compra dos papéis, principalmente do varejo, buscando lucro rápido, sem entender que esse processo pode demorar muito tempo”
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