O cenário de maior risco fiscal e inflação acima da meta deve fazer o Banco Central (BC) aplicar um novo — mas curto — ciclo de alta dos juros, apontou o Inter nesta sexta-feira (13), já com primeiro movimento para cima na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), que encerra nesta quarta-feira (18).
Atualmente, a Selic está em 10,5% ao ano. A equipe econômica do Inter vê um primeiro acréscimo de 0,25 ponto, que deve ser mantido ao longo dos próximos encontros do Copom, elevando a taxa básica ao patamar terminal de 11,25% ao fim de 2024. O colegiado volta a decidir os rumos da política monetária em novembro e dezembro.
Apesar de prever o aumento, o Inter ressalta que o melhor caminho seria manter a taxa Selic no atual estágio, “que já está em patamar restritivo o suficiente para o horizonte da política monetária”.
“No entanto, o cenário de maior aversão a risco no mercado, refletido no câmbio mais depreciado, nas taxas de juros futuros em alta e nas expectativas de inflação, refletem uma menor confiança que poderia ser revertida com o movimento preventivo, principalmente considerando a troca no comando da autoridade monetária, a primeira desde a autonomia”, pondera.
O Inter também cita a queda dos juros nos Estados Unidos como limitador para o novo ciclo de alta. Para a equipe econômica, o Federal Reserve (Fed) deverá aplicar três cortes seguidos de 0,25 ponto até o fim deste ano, deixando a taxa no teto de 4,75% ao ano.
No lado doméstico, o banco pontua que a menor expansão fiscal a partir do segundo semestre deste ano e ao longo de 2025 também deve ajudar na convergência mais rápida da inflação para a meta.
Nesse cenário, o BC poderia começar a cortar os juros já em 2025, encerrando o ano no patamar de 10%.
Inflação se mantém próxima ao teto
O Inter manteve a previsão para a inflação doméstica em 4,4% ao fim deste ano e 3,8% em 2025. Nos dois casos, o BC persegue meta de 3%, com margem de 1,5 ponto para cima ou para baixo.
O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) registrou deflação de 0,02% em agosto — primeira queda em mais de um ano, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
No acumulado de 12 meses, a inflação recuou para 4,24%.
“O impacto da alta da Selic e aumento da credibilidade da política monetária também pode resultar em uma eventual melhora no câmbio, contendo novas pressões para 2025”, diz a equipe econômica do Inter.
Os economistas do Inter também subiram a previsão para a expansão da economia brasileira neste ano, na esteira da alta acima do previsto de 1,4% do Produto Interno Bruto (PIB) no segundo trimestre.
Diante deste cenário, a equipe econômica vê avanço de 2,8% nas atividades ao término deste ano.
“A atividade surpreendeu com dados mais robustos, principalmente o consumo das famílias, seguindo o forte estímulo fiscal no primeiro semestre”, citaram os economistas.
O ímpeto, porém, deve perder força ao longo do segundo semestre e refletir na desaceleração das atividades em 2025. O Inter justifica a previsão pela perda de fôlego da economia global ao longo do próximo ano, além do impacto dos juros mais altos no Brasil.
Para o ano que vem, o PIB deve apresentar crescimento de 1,8%.
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