O Exército de Israel anunciou na quarta-feira 8 novas regras de interação de seus militares com a mídia após um soldado israelense se tornar alvo de uma investigação da Justiça brasileira enquanto passava férias no país.
As novas diretrizes determinam que os nomes e rostos da maioria dos soldados israelenses — tanto em serviço ativo quanto em reserva — devem ser mantidos em sigilo.
A mudança se dá após o soldado israelense Yuval Vagdani se tornar alvo da Justiça brasileira depois de ser acusado de crimes de guerra pela Fundação Hind Rajab (HRF) enquanto fazia uma visita ao Brasil.
Vagdani deixou o Brasil após uma decisão da Justiça Federal em Brasília de abrir um inquérito da Polícia Federal contra ele. O soldado retornou a Israel na quarta-feira, fazendo escala na Argentina com a ajuda do Ministério das Relações Exteriores de seu país, e declarou à imprensa israelense que ser forçado a fugir “foi como tomar um tiro no coração”.
Acusações
A HRF alega que Vagdani documentou em suas redes sociais seu envolvimento na destruição das casas de civis palestinos em Gaza durante a guerra contra o grupo palestino radical Hamas. Ele é acusado pela organização de condutas como “destruição e apropriação de bens em larga escala em circunstâncias não justificadas por quaisquer necessidades militares e executadas de forma ilegal e arbitrária” e “dirigir intencionalmente ataques à população civil em geral ou a civis que não participem diretamente das hostilidades”.
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Uma publicação atribuída ao militar dizia: “Continuar destruindo e esmagando este lugar imundo sem pausa, até os seus alicerces”, acompanhada de fotos supostamente tiradas por ele em Gaza.
“Acordei de manhã, liguei meu celular e de repente vi oito chamadas: do Ministério das Relações Exteriores, dos meus irmãos, da minha mãe. Eu sabia que tinha algo de errado”, contou Vagdani à imprensa no aeroporto internacional Ben Gurion, em Israel. O soldado ainda afirmou que estava planejando as férias no Brasil há mais de quatro anos, mas não pretende retornar.
“Eles escreveram que eu assassinei milhares de crianças em um documento de 500 páginas”, disse o militar sobre o caso contra ele. “Tudo o que estava lá era uma foto minha de uniforme em Gaza.”
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