quinta-feira , 20 março 2025
    Internacional

    Juiz bloqueia decreto de Trump que põe fim à cidadania por nascimento

    juiz-bloqueia-decreto-de-trump-que-poe-fim-a-cidadania-por-nascimento
    US President Donald Trump signs an executive order on the US withdrawal from WHO (World Health Organization) in the Oval Office of the WHite House in Washington, DC, on January 20, 2025. (Photo by Jim WATSON / POOL / AFP)
    O presidente dos EUA, Donald Trump, assina ordem executiva para retirar seu país da Organização Mundial da Saúde (OMS). 20/01/2025 – (Jim Watson/AFP)

    Continua após publicidade

    Um juiz federal de Seattle, no estado de Washington, bloqueou nesta quinta-feira, 23, um decreto do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que proíbe o direito à cidadania para filhos de imigrantes em situação irregular ou com status de permanência temporário. A medida vai contra a 14ª emenda da Constituição, que atesta que qualquer pessoa nascida em território americano é uma cidadã do país.

    A decisão ocorre após 22 estados governados por políticos do Partido Democrata entrarem na Justiça contra a ordem executiva, assinada na segunda-feira, durante a posse do republicano, alegando sua inconstitucionalidade. As queixas citam ainda uma decisão da Suprema Corte dos EUA de 1898, que determinou que crianças nascidas de pais não cidadãos têm direito à cidadania americana.

    O juiz John Coughenour, a pedido de quatro estados liderados por democratas, emitiu uma ordem de restrição temporária impedindo o governo de aplicar a ordem executiva, que o presidente republicano assinou na segunda-feira, seu primeiro dia no cargo.

    “Esta é uma ordem flagrantemente inconstitucional”, disse Coughenour a um advogado do Departamento de Justiça americano, que defendia a ordem de Trump. A procuradora-geral assistente do estado de Washington, Lane Polozola, também afirmou durante audiência em Seattle: “Sob esta ordem, bebês nascidos hoje não contam como cidadãos dos Estados Unidos”.

    Foi Polozola, em nome dos procuradores-gerais de Washington, Arizona, Illinois e Oregon, que pediu a Coughenour para emitir uma ordem de restrição temporária contra o decreto. Ela argumentou que a ação de Trump viola o direito consagrado na cláusula de cidadania da 14ª emenda da Constituição, que prevê que qualquer pessoa nascida nos Estados Unidos é cidadã do país.

    Continua após a publicidade

    Ação presidencial mais que polêmica

    Trump, em sua ordem executiva, ordenou que as agências do governo americano se recusassem a reconhecer a cidadania de crianças nascidas nos Estados Unidos cujos pais não sejam residentes regulares do país. Em um resumo arquivado na quarta-feira 22, o Departamento de Justiça americano chamou a ordem de “parte integrante” dos esforços do presidente “para lidar com o sistema de imigração quebrado desta nação e a crise em andamento na fronteira sul”.

    O processo movido em Seattle progrediu mais rapidamente do que os outros casos contra a ordem executiva, algo atribuído à figura de Coughenour, um juiz nomeado pelo ex-presidente republicano Ronald Reagan. Ele pode tomar uma decisão definitiva sobre a ação de Trump após ouvir os argumentos, ou esperar, mas é possível que um bloqueio definitivo venha antes mesmo da ordem entrar em vigor.

    Sob o decreto, quaisquer crianças nascidas após 19 de fevereiro cujas mães ou pais não sejam cidadãos ou residentes permanentes dos Estados Unidos estariam sujeitas à deportação e seriam impedidas de obter números de Seguro Social, perderiam benefícios governamentais e seriam proibidas, no futuro, de entrar legalmente no mercado de trabalho.

    Continua após a publicidade

    Mais de 150 mil recém-nascidos teriam a cidadania negada anualmente se a ordem de Trump for mantida, de acordo com os estados liderados pelos democratas. Procuradores-gerais dos estados que moveram processos contra o decreto disseram que o entendimento da cláusula de cidadania da Constituição foi consolidado há 127 anos, quando a Suprema Corte decidiu que crianças nascidas nos Estados Unidos de pais não cidadãos têm direito à cidadania americana.

    Mas o Departamento de Justiça argumentou que a 14ª Emenda nunca foi interpretada para estender a cidadania universalmente a todos os nascidos no país. Além disso, o órgão defendeu que apenas indivíduos, não estados, podem iniciar processos sob a cláusula de cidadania, e portanto não há legitimidade nos casos contra o decreto.

    Em paralelo, 36 deputados republicanos aliados de Trump apresentaram na terça-feira um projeto de lei à Câmara para restringir a concessão de cidadania automática apenas a crianças nascidas de pais que sejam cidadãos ou residentes permanentes legais do país.

    PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.

    Deixe um comentário

    Deixe um comentário

    O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

    Artigos Recentes

    Categorias

    Artigos relacionados

    malasia-aprova-nova-busca-pelo-voo-mh370-mais-de-uma-decada-apos-desaparecimento
    Internacional

    Malásia aprova nova busca pelo voo MH370 mais de uma década após desaparecimento

    Visitantes estão escrevendo mensagens no Dia da Memória do voo MH370 em...

    taxacao-de-trump-sobre-aco-‘nao-traz-nada-de-bom-para-ninguem’,-diz-lula
    Internacional

    Taxação de Trump sobre aço ‘não traz nada de bom para ninguém’, diz Lula

    O presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, e o dos...

    o-desafio-de-robert-de-niro-como-ex-presidente-americano-em-‘dia-zero’
    Internacional

    O desafio de Robert de Niro como ex-presidente americano em ‘Dia Zero’

    O ator Robert De Niro (Roy Rochlin/Getty Images) Continua após publicidade Interpretando um...

    por-que-a-crimeia-e-cobicada-pela-russia-e-pela-ucrania?
    Internacional

    Por que a Crimeia é cobiçada pela Rússia e pela Ucrânia?

    Ponte de ligação entre Crimeia e território russo. 14/03/2018 (Mikhail Svetlov/Getty Images) Continua...