O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, afirmou nesta terça-feira (12) que a pasta comandada por ele não está na lista de medidas para cortar gastos do governo federal. A proposta vem sendo elaborada há semanas pela equipe econômica e atinge ao menos seis ministérios com as maiores fatias do orçamento federal da Esplanada.
Segundo ele, há consciência no governo sobre a necessidade de responsabilidade fiscal, mas que é preciso ter cautela com as incertezas externas que ocasionam pressões na economia no país.
“O Brasil vive um momento muito bom, crescimento econômico, desemprego mais baixo dos últimos dez anos, mas há uma incerteza mundial, guerras, instabilidades causadas por posicionamentos políticos como a própria eleição nos EUA, fazem com que a economia internacional fique um pouco nas incertezas, por isso a disparada do câmbio e o Brasil precisa ter responsabilidade”, frisou.
As declarações do ministro ocorreram após ele se reunir com entidades do setor agropecuário para apresentar o balanço das ações de apoio do Mapa ao longo do último ano e definir as prioridades para 2025.
Até o momento, a proposta elaborada pela equipe econômica vai afetar as pastas da Saúde, Educação, Previdência, Trabalho e Desenvolvimento Social. O Ministério da Defesa também deve entrar na lista, mas a confirmação só deve vir na próxima quarta-feira (13).
Fávaro ainda destacou que o Mapa não está sofrendo cortes de gastos e que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) inclusive autorizou um acréscimo de R$ 3,4 bilhões para o Plano Safra justamente para dar estabilidade aos agricultores que necessitam durante as turbulências externas.
Medidas radicais de Trump não serão implementadas
Ao ser questionado sobre a eleição de Donald Trump como novo presidente dos Estados Unidos na Semana passada, Fávaro minimizou. Segundo ele, é preciso separar “o momento eleitoral da prática de governar” e desacredita que as “práticas mais radicais” anunciadas pelo Republicano serão “efetivamente implementadas”.
“Por mais que ele [Trump] já esteja anunciando que vai cumprir compromissos de campanha, acho que tudo tem limite. O Brasil não tem contencioso com os EUA, Europa, com nenhum país da América Latina, Caribe, Oriente Médio, Ásia, Oceania. O Brasil tem que aproveitar as oportunidades e eu tenho certeza que vai saber fazer isso com diplomacia eficiente e com garantia de suprimentos que poucos países no mundo tem essa capacidade de oferecer em termos de alimentação e energia”, pontuou.
Uma das promessas de campanha do Republicano é aumentar as tarifas para produtos importados nos EUA, como uma espécie de superprotecionismo no país. Para o Brasil, os setores que dependem das exportações para o mercado americano, como aço, alumínio, produtos agrícolas e manufaturados, podem ser os mais afetados.
Metade das exportações brasileiras em 2024
Na ocasião, o Ministério da Agricultura revelou que, de janeiro a setembro, as exportações brasileiras do agronegócio somaram US$ 125,89 bilhões. Segundo os dados, o agronegócio representou quase metade das exportações totais brasileiras em 2024 (49,3%), no acumulado do ano até setembro.
O resultado representa uma leve redução (-0,2%) em relação ao mesmo período do ano anterior.
Em setembro, as exportações do agronegócio cresceram 3,6% em relação ao mesmo período do ano passado. No mês, as vendas do setor ao exterior somaram US$ 14,19 bilhões.
Veja resultado das exportações de janeiro a setembro por volume de produto:
● carne suína: crescimento de 54,16 mil toneladas, com destaque Filipinas e Chile;
● carne de frango: alta de 26,11 mil toneladas, com destaque para China, Emirados
Árabes Unidos, Iraque, Catar, Japão e Chile;
● carne bovina: 454,66 mil toneladas, com destaque para China, Emirados Árabes
Unidos, Estados Unidos, Turquia e Argélia.
Apesar do aumento do volume exportado das carnes, o Brasil registrou queda nos preços médios de exportação de alguns produtos agrícolas. Veja resultado :
● soja (-26%);
● milho (-26%);
● carne bovina (-24%);
● carne de aves (-9%);
● café (-2%);
● algodão (-8%);
● trigo (-29%).
O Brasil registrou neste ano uma quebra da safra nacional de grãos (safra 2023/2024) em função de condições climáticas adversas. Apesar do cenário, o Ministério da Agricultura e Pecuária avalia que os números recordes das vendas externas de 2023 podem se repetir.
No ano passado, as vendas externas do agronegócio atingiram a cifra recorde de US$166,49 bilhões. É uma alta de 4,8% na comparação a 2022, quando as exportações somaram US$ 158,87 bilhões.
“Esse resultado é impulsionado pelos volumes recordes de vendas externas de diversos produtos em 2024, como soja em grãos, açúcar bruto, carne bovina in natura, farelo de soja, café, celulose, algodão e café solúvel, o que tem sustentado a receita do setor”, diz o balanço divulgado nesta terça-feira (12).
Açúcar
As exportações de açúcar bateram recorde em valor e quantidade no acumulado do ano. Somaram US$ 13,92 bilhões, o equivalente a 28,39 milhões de toneladas. O resultado representa uma alta de 89% e 53,1% na comparação com o mesmo período de 2022.
Café
As exportações também foram recordes em valor e quantidade. Foram exportados US$ 7,65 bilhões (+21,1%) ou o equivalente a 2,0 milhões de toneladas (+30,5%). Em valores absolutos houve elevação de US$ 1,54 bilhão nas exportações de café. O resultado faz uma comparação com o mesmo período de 2022.
● Rússia: entre janeiro e outubro de 2024, houve um aumento de 250% no valor exportado de cafés especiais para a Rússia em relação ao mesmo período de 2023;
● China: as exportações brasileiras de café para a China em 2024 devem alcançar 2,5
milhões de sacas, um aumento de 65% em relação ao ano passado, quando foram exportadas 1,5 milhão de sacas.
Soja em grãos
Entre janeiro e setembro de 2024, as exportações brasileiras de soja em grãos somaram US$ 38,97 bilhões (-6%), o equivalente a 89,54 milhões de toneladas (27,1%). Uma queda de US$ 2,51 bilhões em termos absolutos, na comparação com o mesmo período de 2022.
Deixe um comentário