sexta-feira , 17 janeiro 2025
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    Petrobras sob pressão: alta do dólar pode causar alta no preço dos combustíveis

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    Petrobras não reajusta gasolina desde julho do ano passado (Foto: Atila Alberti/Tribuna do Paraná)

    A desvalorização do real frente ao dólar, que atingiu 27% no ano passado e se intensificou nos últimos meses de 2024, começa a pressionar a Petrobras a reajustar os preços dos combustíveis nas refinarias. Um dos motivos é a defasagem nos preços.

    Cálculos da Associação Brasileira de Importadores de Combustíveis (Abicom) nesta terça-feira (7) indicam que a defasagem no preço da gasolina é de R$ 0,27, ou 9%, em relação ao mercado internacional. No diesel a diferença é de R$ 0,49, ou 14%.

    Segundo a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), na última semana, o preço médio da gasolina comum nas bombas no país foi de R$ 6,15, e o do diesel, R$ 6,06.

    De acordo com a Genial Investimentos, dependendo da persistência desse cenário, o efeito será mais evidente no segmento de refino e comercialização da Petrobras. “Em um cenário extremo e prolongado de subsídios nos preços, as importadoras podem enfrentar dificuldades para abastecer o mercado brasileiro”, afirma a equipe de análise da corretora.

    Outras consultorias e instituições também apontam o problema. O BTG Pactual calcula que os preços do diesel e da gasolina estão defasados em 10,8%, acima dos índices registrados na semana anterior (10,2% e 8,2%, respectivamente). Já a XP Investimentos estima que os preços da refinaria da Petrobras apresentem um desconto de 12,1% para o diesel e 8,7% para a gasolina.

    Na avaliação da LCA 4intelligence, a gasolina está 11% abaixo do preço internacional de referência, e o diesel, 15%. Ao considerar a média móvel dos últimos 30 dias, as defasagens caem para 5% e 10%, respectivamente.

    Eventual alta no preço dos combustíveis seria sentida pelos motoristas

    Um eventual reajuste nas refinarias por parte da Petrobras terá reflexos significativos no bolso dos consumidores, especialmente em um ano em que as projeções para o aumento médio dos preços está em torno de 5%.

    Bruno Imaizumi, economista da LCA 4intelligence, destaca que a gasolina tem maior impacto direto sobre o consumidor final, enquanto o diesel afeta principalmente os caminhoneiros e os custos de frete. Isso, por sua vez, repercute nos preços de bens e serviços.
    Ele calcula que um reajuste que elimine as defasagens atuais pode elevar a inflação em 0,1 ponto percentual. “Se essas alterações forem implementadas, o que consideramos pouco provável de forma integral, nossas projeções para o IPCA de 2025 subiriam de 4,7% para 4,8%”, avalia Imaizumi.

    No ano passado, a Petrobras manteve o preço do diesel congelado nas refinarias e realizou apenas um reajuste na gasolina, de 7% em julho. Segundo o IBGE, o preço da gasolina para o consumidor final subiu 8,86% em 2024, enquanto o diesel recuou 1,56%.

    Petrobras diz estar atenta a movimentos do mercado

    A Petrobras afirmou que acompanha os movimentos do mercado, mas não antecipa decisões por razões concorrenciais. Desde maio de 2023, a empresa adotou uma nova estratégia de preços, chamada de “abrasileirada”, que abandonou o regime de paridade de importação (PPI), baseado na variação da cotação do petróleo e da moeda americana.

    A nova política considera as condições de produção e logística da Petrobras para definir os preços de combustíveis. “Fazemos isso em equilíbrio com os mercados nacional e internacional, e operando os nossos ativos de maneira segura, otimizada, sustentável e rentável”, disse à Gazeta do Povo.

    A estatal ressaltou que essa abordagem contribuiu para resultados sólidos, como um caixa operacional de R$ 62,7 bilhões e um fluxo de caixa livre de R$ 38 bilhões no terceiro trimestre de 2024.

    Postura da Petrobras é criticada por importadoras de combustível

    Sérgio Araújo, presidente-executivo da Abicom, alerta que preços abaixo do mercado geram impactos negativos.

    “Isso prejudica a previsibilidade para importação, afeta os resultados da Petrobras, afeta o lucro dos acionistas e interfere na comercialização de biocombustíveis, além de criar dificuldades para outros produtores no mercado brasileiro.”

    Araújo defende um reajuste que alinhe os preços ao mercado internacional. Ele também destacou o efeito da desvalorização cambial: “A Petrobras está com preços congelados tanto da gasolina quanto do diesel, e talvez esse é o grande responsável por tão elevada defasagem. Nós estamos vivendo momento em também que as comodities da gasolina, óleo diesel e petróleo também estão sofrendo leves elevações com tendência de manterem-se elevadas. Isso indica que estas defasagens devem ser mantidas até com risco de aumento”.

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