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A Tesla, empresa do bilionário Elon Musk, fez um alerta ao governo dos Estados Unidos nesta sexta-feira, 14, afirmando que a guerra comercial de Donald Trump pode expor a fabricante de carros elétricos a tarifas retaliatórias que também afetariam outras montadoras do país. O aviso soa irônico, uma vez que seu CEO tornou-se o principal consiglieri do presidente americano desde seu retorno à Casa Branca, e é um defensor das políticas econômicas do republicano.
Em uma carta sem assinatura, endereçada a Jamieson Greer, o representante comercial americano, a Tesla disse que “apoia o comércio justo”, mas o governo precisa garantir que não “prejudique inadvertidamente as empresas dos Estados Unidos”.
“Como fabricante e exportadora dos Estados Unidos, a Tesla incentiva o Escritório do Representante Comercial dos Estados Unidos (USTR) a considerar os impactos posteriores de certas ações propostas para lidar com práticas comerciais desleais”, disse a carta.
Exigências
Além de aliado próximo de Trump, Musk lidera os esforços para enxugar a máquina pública, encabeçando a força-tarefa conhecida como Departamento de Eficiência Governamental (DOGE, na sigla em inglês). Sua empresa agora critica as políticas do republicano e diz que deseja evitar um impacto semelhante a disputas comerciais anteriores, que resultaram em aumento de tarifas sobre veículos elétricos importados para países punidos pelos Estados Unidos.
“Os exportadores dos Estados Unidos estão inerentemente expostos a impactos desproporcionais quando outros países retaliam as ações comerciais americanas. A avaliação realizada pelo USTR de ações potenciais para retificar o comércio injusto também deve levar em conta as exportações dos Estados Unidos”, continuou o texto. “As empresas americanas se beneficiarão de uma abordagem em fases que lhes permita se preparar adequadamente e garantir que medidas adequadas de cadeia de suprimentos e conformidade sejam tomadas.”
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Trump impôs tarifas significativas que afetarão automóveis e peças fabricadas em todo o mundo. A União Europeia e o Canadá anunciaram retaliações devido às novas taxas que atingem a venda de aço e alumínio para os Estados Unidos.
Boicote
Em paralelo, as ações da Tesla encolheram em mais de mais de um terço no último mês, em aparente reação negativa do consumidor contra Musk, que vem interferindo em assuntos políticos europeus. Ele demonstrou apoio ao partido de extrema direita Alternativa para a Alemanha (AfD), que abriga nazistas, e acusou o primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, e outros políticos seniores de encobrir um escândalo sobre gangues de aliciamento. Além disso, é visto com maus olhos por liderar os cortes de gastos públicos, que incluem centenas de milhares de demissões de funcionários federais.
Uma reportagem feita pelo jornal americano The Washington Post contou ao menos uma dúzia de ocorrências violentas e atos de vandalismo contra concessionárias, carros e pontos de recarga da Tesla nos Estados Unidos, com base em pesquisas feitas em registros policiais, ações judiciais, imagens de câmeras de segurança e notícias regionais.
Nesta semana, Trump chamou o boicote de “ilegal” e disse que compraria um “Tesla novinho em folha” para demonstrar apoio a Musk. Ele culpou “lunáticos radicais de esquerda” pelos atos contra a montadora de carros elétricos.
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