Fernando Gago é o novo técnico do Boca Juniors. O treinador de 38 anos será o sexto treinador da era Juan Román Riquelme como homem forte do clube.
O ex-meio-campista aceitou o desafio de voltar ao clube onde iniciou a sua trajetória futebolística, deixando o Chivas de Guadalajara, onde chegou em janeiro deste ano.
“Nas últimas horas, Gago comunicou à diretoria sua decisão de retornar à Argentina junto com sua comissão técnica”, diz parte do comunicado do clube mexicano, que confirmou a saída do técnico argentino, após dias de rumores e também de uma negação pública categórica do próprio Gago, sobre a sua possível ida para o clube xeneize.
Neste domingo (13), o próprio Fernando Gago, ao chegar ao país, disse: “Volto para casa. Queria agradecer muito ao torcedor do Boca por todo o carinho que recebi esses dias”, disse o novo técnico Xeneize.
O treinador faria sua estreia no sábado, 19 de outubro, como visitante contra o Tigre, pela 18ª rodada.
Resgatando um Boca anêmico
Gago chega a um clube que atravessa uma grave crise futebolística, que levou Diego Martínez a renunciar ao cargo depois de perder em Córdoba para o Belgrano por 2 a 0, no último dia 28, selando a terceira derrota consecutiva.
Após 17 jornadas do torneio nacional e faltando 10 jogos para o fim, o Boca está na décima posição da tabela com 24 pontos, 12 pontos atrás do líder Vélez Sarsfield.
O Xeneize sabe que não tem chances de brigar pelo título, por isso seu objetivo central é a classificação para a Copa Libertadores de 2025. Este é o desafio imediato que Gago terá num clube que necessita urgentemente recuperar uma identidade de futebol.
Além disso, terá que resgatar vários jogadores, estruturar uma ideia de jogo e dar apoio emocional a uma equipe que se perdeu no segundo semestre.
Primer entrenamiento como DT en @BocaPredio ✅👔 pic.twitter.com/NbUudPQaMw
— Boca Juniors (@BocaJrsOficial) October 15, 2024
Carreira de treinador
Gago tem o jogo ofensivo, a pressão e a posse de bola como principais armas. Ele iniciou a carreira como treinador em 2021 no time do Aldosivi, em Mar del Plata.
O objetivo era salvar o clube do rebaixamento. Gago comandou o Tiburón em apenas 26 jogos, nos quais obteve 7 vitórias, 3 empates e 16 derrotas. A equipe foi rebaixada, embora Gago tenha mostrado as suas credenciais ao conseguir captar uma ideia de jogo da qual não se afastou desde então: jogo atrativo, dinâmico, vertical e marcadamente ofensivo, com muita pressão quando se perde a bola.
O argentino conseguiu captar com precisão essas características no Racing, onde chegou no fim de 2021. Na equipe de Avellaneda, que dirigiu até outubro de 2023, conquistou dois títulos: o Troféu dos Campeões e a Supercopa Internacional. Em ambas as finais derrotaram o Boca Juniors.
No Racing, comandou a Academia em 109 jogos com 53 vitórias, 30 empates e 26 derrotas, com um time agressivo no ataque, com uma dinâmica feroz e sempre tendo a posse de bola como sua maior crença.
Além disso, vimos uma equipe em que os laterais se juntavam ao ataque, e a superioridade numérica é algo em que o jovem treinador aposta sempre, agregando um sistema de grande mobilidade posicional.
O sistema varia do 4-3-3 para um 4-1-4-1 na fase defensiva.
Em janeiro, Fernando Gago chegou ao Chivas de Guadalajara, clube que treinou em 38 jogos, com 17 vitórias, 11 empates e 10 derrotas. Na última partida, a equipe do técnico argentino perdeu para o Atlas por 3 a 2, em casa, com Gago sendo vaiado por conta dos rumores que o colocavam com um pé no Boca Juniors.
Jogador com técnica admirável, grande elegância e jogo associado
Como jogador, Fernando Gago foi um meio-campista que se movimentava pela direita, dono de grande classe, notável qualidade na recuperação de bola e visão admirável do jogo.
Ramón Maddoni, renomado treinador de juniores do popular Parque Club, definiu-o desde muito jovem como um menino que “tem uma capacidade técnica incrível, muita habilidade e muita dedicação para recuperar a bola e bater bem nela”.
Em 2005, ele se firmou no time titular de Alfio “Coco” Basile e foi figura importante nos cinco títulos consecutivos que conquistou com o time Xeneize. Nesse mesmo ano também se sagrou campeão com a Seleção Argentina na categoria sub-20.
Foi na Copa do Mundo disputada na Holanda, onde se destacou no meio-campo em uma equipe que tinha Lionel Messi.
No Real Madrid, chegou em 2007 e conquistou quatro títulos: as ligas de 2006-07 e 2007-08, a Supercopa da Espanha em 2008 e a Copa do Rei em 2010-11.
Sua jornada no futebol continuou em Roma, na Itália. Depois foi parar no Valencia, na Espanha, onde disputou duas temporadas. No meio delas, em 2013, voltou ao futebol argentino para jogar pelo Vélez Sarsfield.
Fernando Gago retornaria na temporada 2013-14 ao Boca Juniors, onde conquistou dois títulos nacionais e uma Copa Argentina. Pendurou as chuteiras em 2020 no Vélez.
Gago integrou a Seleção Argentina na Copa do Mundo de 2014 no Brasil, e foi vice-campeão mundial.
O meio-campista natural de Ciudadela, província de Buenos Aires, teve o calcanhar de Aquiles nas múltiplas lesões que sofreu ao longo da carreira: 24 no total.
Gago chega ao clube onde nasceu como jogador de futebol, que é um navio encalhado no bairro de La Boca. Riquelme, agora na presidência, recorreu ao amigo e ex-companheiro para que Pintita faça o gigante argentino navegar em águas condizentes com sua grande história.
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