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Donald Trump voltou a defender seu plano para a Faixa de Gaza nesta quinta-feira, 6, dizendo que o enclave seria “entregue” aos Estados Unidos por Israel “no final dos combates”. A declaração ocorre em meio a ampla condenação internacional da proposta, que também incluiria a realocação de palestinos em outros países da região (deslocamento forçado viola as leis do direito internacional), e após a própria Casa Branca contradizer o presidente americano ao tentar explicar suas ideias.
Em uma postagem na sua rede social, a Truth, Trump afirmou que a “Faixa de Gaza seria entregue aos Estados Unidos por Israel no final dos combates”.
“Os palestinos, pessoas como Chuck Schumer (senador democrata de Nova York), já teriam sido reassentados em comunidades muito mais seguras e bonitas, com casas novas e modernas, na região. Eles realmente teriam uma chance de serem felizes, seguros e livres”, escreveu. “Os Estados Unidos, trabalhando com grandes equipes de desenvolvimento de todo o mundo, começariam lenta e cuidadosamente a construção do que se tornaria um dos maiores e mais espetaculares empreendimentos desse tipo na Terra. Nenhum soldado americano seria necessário! A estabilidade para a região reinaria!!!”, completou.
A proposta
No início da semana, Trump fez um anúncio que chocou o mundo ao lado de Benjamin Netanyahu, primeiro-ministro israelense que visitava Washington, dizendo que os Estados Unidos vão “assumir” e “ser donos” da Faixa de Gaza. O presidente americano afirmou que vislumbra a possibilidade de os Estados Unidos permanecerem no controle do enclave “no longo prazo” e que o propósito seria levar “estabilidade” ao Oriente Médio.
Trump também não descartou enviar tropas americanas a Gaza: “No que diz respeito a Gaza, faremos o que for necessário. Se for necessário, faremos isso”. Porém não explicou como e sob qual autoridade os Estados Unidos podem tomar posse do território.
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Fora isso, na terça-feira 4, o republicano voltou a defender a proposta de uma realocação permanente, dizendo que Gaza é um “local de demolição”. “Espero que possamos fazer algo para que eles não queiram voltar. Quem iria querer voltar? Eles não tiveram nada além de morte e destruição”, afirmou após reunião com Netanyahu na Casa Branca. Segundo ele, a população deveria ser acolhida por nações árabes da região, como Egito e Jordânia, uma ideia rejeitada tanto por esses estados quanto pelos líderes palestinos.
Rechaço geral e apoio de Israel
As Nações Unidas e grupos de direitos humanos afirmaram que uma operação dessas equivale a “limpeza étnica”. Nesta quarta-feira, o Escritório de Direitos Humanos da ONU, com sede em Genebra, afirmou que “qualquer transferência forçada ou deportação de pessoas de território ocupado é estritamente proibida”.
A proposta de Trump é a transformação mais radical da posição americana sobre o território desde a criação do Estado de Israel, em 1948, e a guerra de 1967, que viu o início da ocupação militar israelense de terras, incluindo a Faixa de Gaza. Segundo a lei internacional, tentativas de transferência forçada de populações são estritamente proibidas.
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Países como França, Espanha, Reino Unido e Rússia se posicionaram contra a medida e condenaram qualquer avanço em direção à retirada de palestinos de suas terras. E a Arábia Saudita, potência regional com quem Trump tenta fortalecer os laços com Israel, afirmou que não normalizará relações com Tel Aviv sem a criação de um Estado palestino e rejeitou qualquer tentativa de deslocar os palestinos de suas terras.
Já Netanyahu, cujo governo é sustentado por uma coalizão de extrema direita que apoia o deslocamento dos palestinos e o repovoamento de Gaza por israelenses, afirmou em entrevista à emissora americana Fox News, na quarta-feira 5, que não vê nada de errado com a proposta e que “é a primeira boa ideia que ouvi” sobre o futuro de Gaza, fazendo referência apenas à questão dos palestinos e sem comentar explicitamente a ideia de Trump sobre os Estados Unidos assumirem o controle do enclave.
Nesta quinta-feira, 6, o ministro da Defesa israelense, Israel Katz, ordenou ao Exército que prepare um plano para a partida voluntária da população da Faixa de Gaza. Membro da coalizão de extrema direita de Netanyahu, também sugeriu cinicamente que os países que se opuseram a operações militares israelenses em Gaza, como Espanha, Irlanda e Noruega, deveriam receber os palestinos que deixarem o enclave voluntariamente.
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